terça-feira, 1 de novembro de 2011

O presente!


2h30m da manhã.
De repente acordei...com o susto de um pesadelo (que é uma outra história).
Abro a porta de casa e assim fico, sentada na mesa da sala, de frente para o mar...tendo apenas a luz de um poste iluminando a frondosa amendoeira que mais parece um presente para quem mora nesta casa.
Trabalho algumas fotos para inserir no blog...e assim prossigo madrugada adentro.
4h30m, um brilho surge à minha frente...hora de colocar a água para ferver e fazer aquele cafezinho para despertar (mais ainda). Enquanto esquenta, resolvi registrar este amanhecer.

Não é o luar...é o reflexo do céu abrindo 
uma brecha entre as nuvens da manhã.

 Adailton, nosso vizinho é pescador (como muitos nativos)...
prepara sua canoa e segue para lançar sua rede ao mar. 


Do outro lado da praia, e na mesma direção, 
Zé Pescador  liga o motor de seu barco, pontualmente 5h30m em busca de seu pescado. E 7h ele volta para a praia trazendo o resultado abundante de sua pesca, para servir os moradores de Moreré. 

Lá num finzinho do horizonte, que na verdade mais parece o início de um tudo, já estão atracadas várias embarcações. 
Hoje, primeiro dia de novembro, abre a pesca de camarões. 
Fazemos parte de uma das melhores regiões de camarão. 

Nada como um café às 5 horas da manhã, acompanhada dos primeiros raios de sol e também do romance que é, aos meus olhos, a rotina desses pescadores.
6h, como um espectador vip de tudo isso que descrevi, chega o sr. Domingos, 84 anos,  nascido na ilha, de expressão típica, pele negra, sem rugas e só de olhar se sente a maciez. Mora na praia de Moreré há 26 anos, quando não havia nada... Um jeito tranquilo, meigo, daqueles vovôs que dá vontade de apertar...e começa a varrer as folhas jogadas ao vento e as algas vindas do mar.
Daí para frente, os raios aparecem rapidamente...as pessoas começam a acordar e algumas delas vêm escovar seus dentes olhando para o mar. 
Um tempo depois, já se escuta gargalhadas daqueles que saem para trabalhar em diversos bicos.
Eu disse gargalhadas? Assim, logo pela manhã? 
SIM, esse é o espírito da ilha, a essência de quem sabe viver feliz.
Tudo isso parece um ritual...

Não é poema, não é sonho, não tem anda de meloso.
 Na verdade, é Verdade! 
Temos que agradecer a vida que temos, 
e este presente que Deus nos dá, diariamente.

5 comentários:

  1. OLÁ ESTELA, FOI MUITO TOCANTE A MANEIRA COMO VC DESCREVEU O COMEÇAR DAS VIDAS DOS PESCADORES DE BOIPEBA. ISSO, IMAGINO, ACONTECE ASSIM, TODOS OS DIAS. É LINDO PODER SENTIR O MAR, O NASCER DO SOL!!! QUE ÓTIMO VC ESTAR PODENDO REFLETIR SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS DÁDIVAS QUE "DEUS" RESERVA DIARIAMENTE. DIFÍCIL É PERCEBÊ-LAS EM UMA VIDA ATRIBULADA, TENSA. SENTI O CHEIRINHO DO CAFÉ...HUM,HUM,HUM... LEMBRO BEM DA ÉPOCA EM QUE PODIAMOS NOS SENTAR E CONVERSAR POR HORAS SOBRE NOSSOS ANSEIOS, SONHOS, ESPERANDO O FUMEGANTE CAFEZINHO FICAR COADO. ALIÁS,ALGUMAS VEZES, ESQUECIDO...COANDO... BJS.
    GUEIXA CAMUFLADA

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  2. Minha querida, adorei seu despertar nesse paraiso, que bom ver voce desfrutar essa maravilha todos os dias e perceber o privilégio !!! Um grande beijo da sua amiga, com muitas saudades, Lia.

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  3. Legal Té que vc está curtindo viver ai... Tem certeza que não tá sentindo falta nem um pouquinho do stress daqui? rs... Ainda penso em ser seu vizinho, mas ainda falta muito: falta helicóptero, internet banda larga, telefone, disc pizza, ... pois é, ainda não vou conseguir me desprender facilmente do esquema 24/7 de sampa...

    bjs

    Fumi

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  4. Estela, comecei a ler seus escritos e nao consegui mais parar...estive passando por uns momentos nebulosos...mas a visao que vc nos passa, sua inspiracao...me trouxe uma paz imensa!
    Alias, vc ainda toca violao? Compos algo mais alem daquela? Medo?
    Estava gravado em fita K7, q vc gravou p mim!!
    Ow tempo bao heim!!!
    Seus poemas tem uma intensidade que me arrepiam!!!
    bj
    marcia okino

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